Como potes de geléia NÃO influenciam a economia
Quando era criança, era mais autista do que qualquer criança autista poderia ser. Olhava prédios e via neles formas bizarras. Sempre me divirto ao voltar aos lugares da infância e lembrar que esta ou aquela construção me pareciam navios, aviões, cachorros. Isso me traz lembranças felizes. Na verdade, sou sempre alcançada por essas lembranças de uma infância, que certamente teve seus problemas. Só que era bem mais fácil encontrar pontos de fuga naquela época. O número de universos paralelos era maior. Ou então, o meu acesso a eles era mais fácil. Mas isso já é uma outra questão. Universos paralelos ficam para a próxima. A grande questão aqui são os potinhos de geléia em miniatura. Sabe aquela porção individual que sempre pegamos em hotéis ou aviões? Pois então...
Tinha uns quatro anos mais ou menos e senpre achei que a grama do vizinho era mais verde. Uma coleguinha, toda boba, chegou para o lanche com um desses potinhos de geléia. Nunca tinha visto. Do alto da autoridade normal de crianças curiosas, comecei a perguntar de maneira muito lúcida, como ela tinha conseguido aquilo. Queria para mim também! Ela me contou que o pai tinha trazido de uma viagem de avião. Lanchinho de bordo, direto para o lanchinho escolar da menina. Pronto! Na minha cabeça super acertada, geléia em miniatura virou coisa exclusiva de avião. Não podia ter mais em nenhum outro lugar. Se quisesse uma, teria que viajar para algum lugar.
Afinal, minha idéia seguia o relato de minha colega de jardim de infância. E crianças são sempre tão confiáveis. E as pobres crianças de educação germânica são sempre tão assutadoramente metódicas e crédulas. E, ao mesmo tempo, dispõem de um ceticismo tipicamente germânico. O certo é que aviões e potes de geléia em miniatura estavam intimamente ligados, pelo menos para mim. Pode-se imaginar meu espanto, quando descobri que, os tais potinhos, eram vendidos em qualquer supermercado. Desgraça! Não precisava mais voar para conseguí-los? O que viria depois disso? Qual outra decepção? Terrível! Das coisas que não se faz com o imaginário infantil.
Na minha mente capitalista (sim, até em criança já era capitalista), era um absurdo os supermercados venderem aquilo. Só aviões poderiam! Onde já se viu? Se os potinhos estivessem ao alcance de todos, na mercearia do seu Manoel da esquina, quem iria voar? Para quê? Pronto! As companhias aéreas não teriam mais motivos para existir! Que viajar que nada! Importante era a geléia. E, nem a geléia, mas a embalagem. Não, mas embalagens de geléia não influenciaram a aviação mundial.
Me lembrei de tudo isso na minha última viagem de avião. Como o vôo era de manhã, serviram um adorável kit de café da manhã com uma (!) torrada industrializada e um potinho de geléia. E me lembrei do tempo em que achava que as ações das Varig oscilariam somente porque supermercados faziam concorrêcia e também vendiam geleía em porções individuais. A realidade têm me alcançado e hoje empresas aéreas demitem mais de mil funcionários e as geléias não podem resolver o problema. Ou será que podem? Preciso consultar a economista de cinco anos que andava pelos supermercados ao lado da mãe. De vez em quando, ainda a encontro.
Quando era criança, era mais autista do que qualquer criança autista poderia ser. Olhava prédios e via neles formas bizarras. Sempre me divirto ao voltar aos lugares da infância e lembrar que esta ou aquela construção me pareciam navios, aviões, cachorros. Isso me traz lembranças felizes. Na verdade, sou sempre alcançada por essas lembranças de uma infância, que certamente teve seus problemas. Só que era bem mais fácil encontrar pontos de fuga naquela época. O número de universos paralelos era maior. Ou então, o meu acesso a eles era mais fácil. Mas isso já é uma outra questão. Universos paralelos ficam para a próxima. A grande questão aqui são os potinhos de geléia em miniatura. Sabe aquela porção individual que sempre pegamos em hotéis ou aviões? Pois então...
Tinha uns quatro anos mais ou menos e senpre achei que a grama do vizinho era mais verde. Uma coleguinha, toda boba, chegou para o lanche com um desses potinhos de geléia. Nunca tinha visto. Do alto da autoridade normal de crianças curiosas, comecei a perguntar de maneira muito lúcida, como ela tinha conseguido aquilo. Queria para mim também! Ela me contou que o pai tinha trazido de uma viagem de avião. Lanchinho de bordo, direto para o lanchinho escolar da menina. Pronto! Na minha cabeça super acertada, geléia em miniatura virou coisa exclusiva de avião. Não podia ter mais em nenhum outro lugar. Se quisesse uma, teria que viajar para algum lugar.
Afinal, minha idéia seguia o relato de minha colega de jardim de infância. E crianças são sempre tão confiáveis. E as pobres crianças de educação germânica são sempre tão assutadoramente metódicas e crédulas. E, ao mesmo tempo, dispõem de um ceticismo tipicamente germânico. O certo é que aviões e potes de geléia em miniatura estavam intimamente ligados, pelo menos para mim. Pode-se imaginar meu espanto, quando descobri que, os tais potinhos, eram vendidos em qualquer supermercado. Desgraça! Não precisava mais voar para conseguí-los? O que viria depois disso? Qual outra decepção? Terrível! Das coisas que não se faz com o imaginário infantil.
Na minha mente capitalista (sim, até em criança já era capitalista), era um absurdo os supermercados venderem aquilo. Só aviões poderiam! Onde já se viu? Se os potinhos estivessem ao alcance de todos, na mercearia do seu Manoel da esquina, quem iria voar? Para quê? Pronto! As companhias aéreas não teriam mais motivos para existir! Que viajar que nada! Importante era a geléia. E, nem a geléia, mas a embalagem. Não, mas embalagens de geléia não influenciaram a aviação mundial.
Me lembrei de tudo isso na minha última viagem de avião. Como o vôo era de manhã, serviram um adorável kit de café da manhã com uma (!) torrada industrializada e um potinho de geléia. E me lembrei do tempo em que achava que as ações das Varig oscilariam somente porque supermercados faziam concorrêcia e também vendiam geleía em porções individuais. A realidade têm me alcançado e hoje empresas aéreas demitem mais de mil funcionários e as geléias não podem resolver o problema. Ou será que podem? Preciso consultar a economista de cinco anos que andava pelos supermercados ao lado da mãe. De vez em quando, ainda a encontro.